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segunda-feira, 19 de junho de 2017
quarta-feira, 14 de junho de 2017
Capitão Fantástico, o conflito entre ideal e o real
Esse longa
produzido em 2016 e dirigido por Matt Ross nos apresenta um drama bem peculiar.
O casal,
Ben e Leslie decide ir morar na floresta com o filho Bo, o intuito era de curar a doença da esposa (
bipolaridade).
Leslie acreditava
que longe de tudo e de todos poderia se sentir bem. No entanto, percebemos
também que o casal é contra cultura, contra o capitalismo e tudo que dita o
Discurso do Capitalista.
Ambos
educam as crianças em todos os sentidos, pois, eles não frequentam a escola e
nem têm acesso ao mundo civilizado. Os seis filhos passam por treinamentos como
escalar montanhas, caçar e também tocam instrumentos musicais. As crianças são
cultas, inteligentes e possuem uma bagagem acadêmica invejável. Tudo parece
perfeito, até que a mãe internada em um hospital psiquiátrico morre. Essa
irrupção do real fará com que a família reavalie seu presente e seu futuro.
É
interessante ressaltar que apesar da educação acadêmica impecável é notório a
falta de experiência, de troca com os outros, tornando a família muito coesa,
porém muito isolada e privada de viver o inusitado, o contato com o outro e o
que isso provoca em cada sujeito. Vemos adolescentes profundamente ingênuos e alienados
ao mundo que vivem.
Ben com seu discurso anti capitalista, nos mostra
que tudo levado ao extremo, inclusive posicionamentos e ideias pode ser
perigoso. Na vida e no mundo tudo pode ser relativizado e isso infelizmente, Ben
não conseguiu transmitir aos filhos. A partir da morte da esposa, ele tem que
entrar em contato com as diferenças da família de Leslie, que era rica e filha
única, para poder participar do enterro dela. Isso leva a um encontro com os
sogros que expõe a gritante barreira entre o mundo real e o ideal.
O que me
chamou também muita atenção no filme foi a fantasia de cura que ambos tiveram
em relação a doença de Leslie quando ingenuamente se isolaram na floresta.
Claro que Leslie sem acesso ao um tratamento continuou doente e submeteu a
família a conviver com sua doença até a sua internação. É… A realidade por
vezes é dura mesmo, e a saída pelo imaginário é uma forma de contornar esse
real irredutível.
Outro ponto
que também quero ressaltar é a função paterna exercida por Ben, ele sem dúvida
instaurou a lei simbólica para os filhos e apesar do esforço grande em criar
filhos, ao lado de alguém com uma estrutura psíquica frágil, exerce sua função
de uma forma amorosa, presente se tornando uma referência simbólica para seus
filhos.
No final,
constatamos o quanto esse pai, apesar de alguns erros cometidos, como todos nós,
que somos falhos, pode ser humilde, consciente e principalmente amoroso para
perceber o que precisava ser mudado para que sua família pudesse acompanhar o
mundo real e não idealizado. Todos nós temos nossas identificações e certezas,
porém, durante a vida, somos diversas vezes convocados a revê-las, reconsidera-
las e até abandoná-las. Nossas identificações nos norteiam, mas não são definitivas,
ainda bem, pois, essa elasticidade nos permite conhecer, admirar e expandir
sempre enquanto vivermos.
Finalmente,
Ben pode relativizar seus ideais, seus
valores e até deixar seus filhos escolherem seus próprios caminhos. Não é isso
que os pais tentam ao educarem seus filhos, mostrar os vários pontos de vista,
transmitir a lei simbólica, propiciar a falta,
para que o desejo compareça e aí escolham seus caminhos para o tornarem
reais?
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