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terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Snowden, herói ou traidor?



O novo filme dirigido por Olive Stone é baseado em uma  história real e que história!
Como  você se sentiria se aos 28 anos, fosse rico, trabalhasse para uma das maiores inteligências do mundo, tivesse criado  um dos programas de rastreamento de dados mais eficazes, em que através de um chip de celular se poderia ter acesso a tudo que um indivíduo acessasse?  
Essa é a síntese do filme Snowden Um jovem autodidata que por volta dos 20 anos entrou para a CiA como aluno de um dos mais respeitados profissionais da área da inteligência cibernética, e se tornou em pouco tempo o mentor do programa que iria revolucionar o rastreamento de dados no mundo.
Snowden, como a maioria dos jovens americanos, era um jovem ingênuo, patriota e muito comprometido com ações de proteção ao seu país, depois do 11 de setembro. Servir ao seu país era um dos seus sonhos. Com uma inteligência brilhante, pois, por falta de condições materiais não pode cursar uma faculdade (de acordo com o filme) e aprendeu  sozinho, a linguagem dos computadores e programas. Devido a sua genialidade, rapidamente conquista postos importantes na inteligência americana. No entanto, a medida em que vai conhecendo o funcionamento da CIA, vai descobrindo o que costumamos falar: “será que os fins justificam os meios?” Do ingênuo e patriota americano vemos surgir um jovem cheio de dúvidas, questionador e angustiado em relação as práticas cibernéticas, em nome do combate ao terrorismo no Oriente Médio. Snowden aos poucos, percebe que aquele mundo idealizado em que vivia, vai ruindo e a realidade fria e perversa dos homens aflora por detrás de um discurso vazio de segurança, ou seja em nome dessa segurança tudo é permitido.
Em um momento do filme, Snowden cita o julgamento de Nuremberg, em que os acusados das atrocidades com os judeus na 2ª guerra mundial, justificavam os seus atos, como cumprimento de ordens dos superiores. Essa observação dele é muito importante e pertinente, por que, até que ponto, sujeitos cumprem ordens e não as questionam, como matar, manipular pessoas, invadir a privacidade, usar informações indevidamente.

Snowden, percebe esse jogo perverso dos governos de 1º mundo, e como é difícil depois de entrar nele, poder escolher, uma vez dentro, é impossível reverter a situação. Imaginem o drama de consciência de alguém que não é perverso e  ético, humano e fatalmente sonha com um mundo melhor, mais justo e seguro para todos? será alto, viver exilado em outro país, mas, talvez seja melhor viver preso em um país, do que em sua própria alma, se questionando todos os dias, A ganância, o egoísmo, a falta de humanidade ainda não o tinham contaminado. Ser responsável por um programa que poderia ser usado para matar em nome da segurança, provoca uma crise de consciência muito profunda em Snowden apesar de saber que sua cidadania americana estaria comprometida para sempre, ele irá nos surpreender com sua coragem, sua sensibilidade e sua hombridade. O preço  como quantas pessoas estão sendo prejudicadas ou destruídas devido a uma criação sua, na qual seu uso é abusivo e antiético? Snowden no remete a um filete de esperança, em um mundo tão egoísta, com tanto joio e pouco trigo. Herói para uns, traidor para outros, tudo é uma questão de ponto de vista!

terça-feira, 15 de novembro de 2016

"The confirmation"; um filme que mostra a realidade dos eleitores de Donald Trump





Semana passada, todos nós fomos surpreendidos com a vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos. Resolvi postar só hoje, porque, como diria Lacan e os tempos lógicos do sujeito, depois do “instante de olhar”,  que foi minha total surpresa com a vitória de Trump, passei ao “tempo de compreender”, esse tempo foi dedicado a ler artigos, ouvir depoimentos, assistir documentários, a fim de entender o que justificaria esse fenômeno que aconteceu nos Estados Unidos. Fenômeno, para os cientistas políticos, para nós psicanalistas, eu diria um sintoma social. Depois de analisar todo o material e de várias áreas: sociologia, ciência política, jornalismo, economia e psicanálise, pude enfim, atingir o meu “momento de concluir”, ou seja, pude fazer uma elaboração simbólica em relação ao choque que tive quando constatei, que Donald Trump seria o novo presidente dos Estados Unidos. 
Por que a surpresa? Inicialmente, para mim era impossível alguém como ele ganhar uma eleição. Um sujeito que inflamava seu eleitorado com m discurso racista, xenófobo, machista e misógino, conseguir ganhar uma eleição para presidência da maior potência do mundo. No entanto, como disse acima, aos poucos fui compreendendo o que levou tanta gente do centro dos país a votar no Trump. Esse bilionário com seu jeito fanfarrão e com um discurso agressivo em relação ao outro, pode tocar na ferida narcísica dos americanos brancos, desempregados e esquecidos. Trump apesar de não ser politico, e penso que isso até o favoreceu por um lado, pois isto permitiu ser o que ele é, ou seja, sem máscaras ou verniz, e essa autenticidade grotesca que chocou o mundo, seduziu seu eleitorado. Tal como o pai gozador em Totem e Tabu, que gozava de todas as mulheres, Trump, hipnotizou seu “filhos” carentes e abandonados e ainda continua gozando de todos.
 Falei acima sobre sintoma social, acredito que a eleição de Trump seja o retorno do recalcado de tudo que foi negado pelo governo de Obama, que apesar de ter sido muito bom em alguns aspectos, não conseguiu perceber a gravidade vivenciada pelos cidadãos, que perderam seus empregos devido o fechamento das fábricas, desde que a China começou a ser a sede para fabricação dos produtos americanos, inclusive do próprio Trump que fabrica seus produtos também lá. Um paradoxo sem dúvida, mas, provavelmente seu eleitorado sem emprego não sabe disso, bem como os que perderam casas na bolha imobiliária de 2008. 
Muita gente  desde então, ficou desamparada, sem perspectiva, sem emprego e sem esperança, vimos que foi exatamente essa população esquecida e recalcada, que retorno com seu voto, independente de qualquer compromisso ético ou social, para tentar revindicar um lugar novamente na economia americana. Afinal de contas, os Estados Unidos não se limita a New York com seu glamour,  cultura e discurso cool ou a Los Angeles com seus belos  atores bronzeados e seriados fashions. Vimos que existe também uma grande população que não tem acesso ao básico e que provavelmente não conhecerá as cidades mais modernas, cults e ricas do seu próprio país. Essa população, retorna através de Trump, que soube captar os sentimentos de revolta, angústia e desesperança. Depois os traduziu culpabilizando o outro por suas mazelas. Que forma mais simples e direta para se fazer entender? 
A culpa tem que ser de alguém, e quem melhor para encarnar essa culpa que os imigrantes? Esse significante: "imigrantes" é sempre passível de encarnar tudo de ruim que uma nação possa estar vivendo. Afinal, eles não nasceram no país e ainda “roubam”os empregos dos cidadãos americanos. Trump é o "enviado" para salvar, punir e regatar tudo o que foi perdido, é o ultimo alento de esperança para um povo que não sabe mais o que buscar ou para quem apelar. Diante dos números e fatos das eleições, podemos inferir, que Hillary e seu partido, ou não conheciam o eleitorado americano, ou negaram uma parte dele. Tudo que negamos retorna e de forma as vezes até traumática. Essa sensação, que foi uma mistura de choque e surpresa que senti quando vi a apuração dos votos, logo pude constatar que foi extensiva a todo o mundo pois, poucos esperavam a perda de Hillary, que  ao contrário sua vitória era praticamente dada como certa. Não adianta ficarmos só no registro do imaginário, o real comparece sempre, inesperado e abrupto, resta agora fazer o que muitos têm feito, inclusive eu desde então, elaborar e simbolizar esse retorno e lidar com as consequências de tudo que foi negado e negligenciado durante os governos anteriores.
Como as postagens desse blog têm como objetivo fazer uma interlocução entre psicanálise e cinema, me lembrei de um filme que assisti a uns dois meses atrás e que vem a ser oportuno, para ilustrar um pouco da realidade dessa população que elegeu o Trump. O nome do filme é The Confirmation, cujo título no Brasil é “Um final de semana diferente”. Este filme da mesmo diretor Bob Nelson de "Nebrasca", outro filme bem interessante que mostra o interior dos Estados Unidos, tem como tema central o encontro de um pai com seu filho para passar um fim de semana juntos enquanto sua ex esposa e o atual marido estariam num retiro religioso.
O filme é muito profundo e aborda questões muito delicadas e reais. O drama já começa logo no inicio do filme, quando Walt (Clive Owen), que por sinal está excelente no papel, pára em um estacionamento de um bar e deixa o filho Anthony (Jaeden Lierher) que também está ótimo no filme, aguardando no carro. Walt é um carpinteiro que herdou a profissão e as ferramentas do pai. Devido a crise financeira que acometeu o país, eles vivem em uma cidade decadente, mal cuidada, na qual Walt raramente tem serviços, pois ninguém tem mais dinheiro para reformar ou concertar suas casas. Alguns inclusive vivem em trailers, outros, mais antigos, têm suas casas com varandas quebradas e velhas. Walt, não suportou essa mudança traumática em sua vida, acabou se divorciando e se tornou alcoólatra.
Seu esforço para se manter sóbrio e sem beber nesse fim de semana com o filho é hercúleo, do outro lado, a compreensão, atenção e amor de Anthony são tocantes, pois, apesar de ter apenas 8 anos, se comporta maduramente e é um suporte emocional para o seu pai. Walt recebe um chamado para fazer um concerto em uma casa, porém, quando vai pegar sua caixa de ferramentas herdadas do seu pai na carroceria de sua camionete, não a encontra. Aí vemos um Walt desesperado tentando localizar todos que podem ter visto ou roubado sua caixa. Nesse ínterim, ele é despejado por falta de pagamento do aluguel de sua casa, seu carro pifa e ele não pode trabalhar porque não tem ferramentas. O filme vai mostrando toda a desesperança dos moradores da cidade, Walt em algum momento, chega a comentar com o filho, que sua geração falhou, pois aquela cidade já tinha sido uma cidade próspera, hoje abandonada e decadente. Aos poucos, vamos entendendo os motivos do alcoolismo de Walt, suas frustrações, sua solidão e sua tristeza. Percebemos que grande parte disso, se deve as perdas que abalaram a cidade, e consequentemente a dignidade de seus cidadãos. Walt encontra quem roubou sua maleta, mas, essa descoberta é um dos momentos mais tristes do filme, porque vemos que, quem roubou, também estava desesperado, e que a situação da maioria dos moradores é caótica. Anthony é o único elo de pulsão de vida para Walt,  que está consumido pela bebida e suas perdas, Só o filho é capaz de trazê-lo à vida novamente e de fazê-lo lutar contra o vício e contra sua auto-destrutividade. The Confirmation é uma boa ilustração, para entendermos porque pessoas sem esperança, desamparadas e sem perspectivas para o futuro, podem encontrar em uma religião, bebida ou candidato politico, a sua salvação. Tudo isso funciona como saída da realidade e anestésico para angústia, no entanto, a religião e a política, também oferecem promessas, de amparo e proteção vinda do outro. Esse fiapo de esperança, pode acender uma labareda e virar uma grande fogueira. No filme, a saída de Walt foi optar em encarar a realidade, ou seja, seu vício e suas frustrações, mas também reconhecer o amor pelo filho e através dele, ter esperança de poder viver novamente uma vida melhor e mais harmoniosa com ele. 
Quando se tem esperança, se tem vida, e pode-se imaginar um futuro pela frente. Desejar é pulsão de vida. Talvez, seja essa fagulha de luz que o eleitorado de Trump que o elegeu pode reconhecer no discurso inflamado, preconceituoso e raivoso do candidato. Este, colocou para fora, cuspindo ódio, tudo que a muito tempo, muita gente queria expôr e não pode. Agora vamos aguardar para ver se essa chama que ele abriu em cada um se sustentará no futuro. Só o tempo dirá...





domingo, 30 de outubro de 2016

Filme: O inimigo da Turma



O inimigo da turma de Rok Bicek, filme esloveno de 2013, foi baseado nas próprias experiências do roteirista, quando cursava o ensino médio .Esse filme aborda um tema polêmico e profundo como pano de fundo : o suicídio. Porque alguns temas como sexo e morte geralmente são tão difíceis de se abordar? Na psicanálise, desde sempre, sabemos que sexo e morte são temáticas enigmáticas para todos os sujeitos, cada um tem que encontrar seus próprios significantes para lidar com essas questões existenciais e inexoráveis para todos.
A partir dessa breve introdução, vamos ao filme. O enredo acontece em uma escola particular de ensino médio na Eslovênia, em que uma professor grávida será substituída em função de sua licença maternidade. Acompanhamos como espectadores, os alunos recebendo o novo professor Robert, que lecionará  alemão. Alto, magro, elegante, sério, meio frio e pouco receptivo , ele assume a turma e utiliza o escritor Thomas Mann para ilustrar o conteúdo da disciplina.
Muito exigente, tem como uma das normas  em sala, que os alunos  só falem alemão . Um dia, depois do horário da aula, Robert ouve em uma sala o som de um piano, entra, para e escuta uma de suas alunas, Sabina tocando.
Em outro momento, ele conversa com Sabina e pergunta o que ela quer ser, e sugere de forma pragmática, fria e meio desajeitada, que ela deveria tocar piano, pois tocava muito bem. Sabina sai da sala correndo e muito abalada, vai para o banheiro, chora e fala que encontrou o professor para as colegas, porém sem contar os detalhes.
No dia seguinte, quando turma iria começar  assistir a aula,  é surpreendida pela notícia dada pelo professor,  que Sabina havia cometido suicídio.
Vemos toda a turma em choque, com exceção de um aluno. Aí começa o drama do filme. O professor, apesar de sua maturidade, de possuir muito controle emocional e coerência em suas atitudes, falta-lhe sensibilidade e compaixão, para se colocar no lugar dos alunos, que naquele momento tão delicado, precisavam falar e expressar o que sentiam em relação a morte da colega. No entanto, não há transferência por parte dos alunos em relação ao professor. Sabe-se que a transferência é essencial para um processo de confiança e abertura, sem essa condição, não haverá troca e disponibilidade para se abordar a dor, tristeza ou raiva. Quero fazer um rápido parênteses , em relação ao filme, e contar o que vivenciei nessa mesma semana que assisti a esse filme. Alguns dias antes de assistir ao filme, fui informada que um aluno nosso, na Faculdade que leciono tinha se suicidado. Falei com uma colega que era mais próxima da turma, que era importante, os alunos terem um momento para falarem dos sentimentos que estavam sentindo em relação ao acontecido. Paulo, o aluno que se suicidou era alegre, amigável, carinhoso e atencioso com todos. Minha colega não só concordou, como me pediu para que fosse conversar com a turma. No dia combinado, fui ver a turma, todos estavam muito abalados, vários alunos chorando. Não quero me estender, mas, poder estar no lugar do outro, é tentar sentir e entender sua dor.  Só assim podemos, ser úteis e dar espaço para o outro falar, chorar e expressar sua dor. Não adianta, querer racionalizar, como faz a psicóloga no filme, explicando as fases do luto, ou simplificar como fez o professor, com sua frase: “a vida continua”. Sem dúvida a vida continua, mas como ela continuará? Voltando ao filme, sem espaço para falar, os alunos começam a atuar sua dor, as pressões que vivem, suas angústias e sua revolta com o que aconteceu com Sabina. Como é comum, costumamos  procurar um culpado para justificar situações injustificáveis como por exemplo, o suicídio. E, como vimos em Psicologia das Massas, texto de Freud de  1921, é característica dos grupos, a identificação, e, no filme, percebemos como a influência de um dos alunos que havia perdido a mãe recentemente, envolve vários colegas em relação a culpa e ofensas a Robert. A maioria da turma passa a culpar o professor, pois a colega se matou um dia depois do episódio na sala do piano. Robert vira “o bode expiatório” para tudo que eles vivem, a revolta com o sistema de educação, a exigência das notas e por fim, a morte de Sabina. É como se, aquela morte fosse a gota d’água para o copo  transbordar. Quanto mais o professor fica indiferente a revolta e acusações dos alunos, mas eles comparecem com atos de ofensas, agressividade oral, a ponto deles utilizarem o significante “Nazi” para ofender Robert.
A situação chega no limite quando os alunos se trancam no estúdio da escola, e transmitem para todos, o que sentem em relação a morte da amiga, ofendem o professor e colocam o áudio  da música que a colega tocou no piano, um dia antes de morrer, para a escola inteira ouvir.
 Os alunos incansáveis, comparecem à aula, todos, menos um (que não se envolvia com o grupo), com uma máscara representando o rostro de Sabina e deixam uma máscara para Robert em cima de sua mesa. Nesse momento, o professor surpreende a todos, pois entra na sala, também coloca a mascara. Em seguida pede uma aluna, a melhor amiga de Sabina, que leia o texto que ela redigiu sobre a morte da colega. O texto é forte, cheio de emoção e muito verdadeiro, pois nele, ela expõe sua dor e sua raiva por Sabina ter morrido. A disponibilidade do professor em se colocar um pouco no lugar dos alunos que estavam sofrendo e pedindo atenção, finalmente comparece quando Robert coloca a máscara e, em seguida, solicitando à colega que lesse seu texto tão tocante e profundo. Embora tardio esse movimento dele, pois foi necessário tanto barulho dos alunos para serem ouvidos, surte um efeito na turma. Algo mudou e permite  que eles possam pela primeira vez, ao invés de ofender e acusar, abrir um espaço simbólico, e falar do assunto, embora apresentando ainda uma carga de agressividade intensa, porém,  as emoções podem ser expressadas e não só atuadas reativamente.
Esse filme, é excelente, para percebermos, o quanto a fala é fundamental, ou seja, o simbólico, é o primeiro passo para tentar dar um pouco de contorno ao real, que sempre nos surpreende e pode ser traumático e  mortífero, não só para quem escolheu a morte, como no caso da Sabina, mas também para seus colegas, que ficaram vivos, mas teriam que conviver com sua ausência. Em uma de suas aulas, Robert conta aos alunos que Thomas Mann, escritor alemão que é estudado por eles, também teve um filho que se suicidou e que essa tragédia iria influenciar sua escrita e seus livros posteriores,  depois, parafraseia uma célebre frase do autor:

 “A morte de um homem afeta mais quem fica do que a ele próprio.” Thomas Mann

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Meu "debut" na Amazon, estão todos convidados a me visitar lá também.

Caros leitores, retirei algumas postagens do Blog, porque as publiquei no site:
Criei a série: Cinema e Psicanálise:
Textos de uma cinéfila que ama a psicanálise- Um olhar além das câmeras
Os textos estão a venda a preço mínimo de 0,99 $ a 1,0 $
Minha intenção com nesse veículo de publicação é ampliar a divulgação dos meus textos, pois, a Amazon tem um grande alcance no Brasil e no mundo.Espero a visita de vocês lá na Amazon.
Obrigada a todos que dispensam seu tempo e atenção às minhas publicações nesse blog.






segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Café Society de Woody Allen. Amores que vem e vão… Será que vão mesmo?

Na semana em que Fátima Bernardes e Willian Bonner, declaram em suas redes sociais que estariam se separando, a frase que mais ouvi foi: “Não acredito mais no amor"... Vi muita gente inconformada com a separação do “modelo” de casal idealizado, pela maioria dos brasileiros. Essa reação massiva que acompanhei via mídia, redes sociais e etc. me fizeram pensar e refletir sobre as relações, o amor, a idealização e as separações. Por acaso ou não, pois eu não sabia o tema do novo filme de Woody Allen, fui assistí-lo, cujo título é Café Society. Tal foi minha surpresa, quando me vi mobilizada novamente pelo tema do amor. Nesse novo filme, Woody Allen se supera, só alguém com sensibilidade e experiência de vida, poderia escrever e dirigir tão bem essa película. O tema central do filme são os amores desencontrados e que acontecem de forma inusitada e inesperada. Se já não bastasse a contingência do amor, imaginem, quando ele envolve escolhas difíceis. O amor é assim, nunca sabemos quando ele vem, mas de uma coisa temos certeza, toda vez que ele chega, causa uma epifania em nossas vidas. Voltando ao filme, nele, vemos pessoas reias e talvez isso seja um dos pontos altos do roteiro, ou seja, pessoas que amam, têm conflitos, escolhem e nem tudo acaba com: “e foram felizes para sempre”, porque na vida real, nem sempre oa amores dão certo, ou dão e acabam, como no caso do casal Fátima e Willian. O amor real, envolve escolhas e por vezes, nos leva a pensar, como seríamos se tivéssemos escolhido determinado amor? Durante um tempo, eu achava que, amores que permaneciam em nossas lembranças, eram os “mal resolvidos”, hoje no entanto, minha visão mudou, penso que os amores resistem ao tempo em nossas mentes, porque os restos deles, de alguma forma, não puderam ser elaborados,sendo assim, não conseguimos ainda encontrar os recursos internos para simbolizar o término, ou quem sabe, ainda idealizamos alguma possibilidade e por fim, talvez não tivemos tempo ou oportunidade de vivê-lo integralmente no real, por diversos motivos internos ou externos que o impossibilitaram. No filme, Woody traz a possibilidade de se amar duas pessoas e mesmo assim poder continuar vivendo sua realidade sem pesar, consciente de suas escolhas e sabendo que este amor pode o acompanhar para sempre, mesmo não sendo presente fisicamente, mas, possibilitando um mergulho eventual em nós mesmos para nos lembrar que somos seres de várias facetas e talvez de vários amores.