Precisamos falar sobre a adolescência.
Confiram no meu canal os comentários sobre esse excelente filme!
Total de visualizações de página
sábado, 29 de abril de 2017
6o filme da Série: Filmes que abordam o feminino- Garotas
Precisamos falar sobre a adolescência.
Confiram no meu canal os comentários sobre esse excelente filme!
Confiram no meu canal os comentários sobre esse excelente filme!
segunda-feira, 24 de abril de 2017
Olmo e a Gaivota - Porque ser mãe é uma escolha...
Olmo e a Gaivota é uma co-produção de cinco países e duas diretoras: Pietra Costa e Lea Glob. Pietra que também dirigiu o filme Elena, que aborda com delicadeza a depressão, em o Olmo e a Gaivota nos convoca novamente a olhar para o feminino sem idealismo e de forma mais real e sincera. Por que estou afirmando isso? Porque a personagem ( o filme é meio ficção, meio documentário) principal Olivia Corsini, se despe dos significantes que costumamos ouvir quando uma mulher engravida. Não que não seja bom engravidar e expôr a alegria para o mundo desse momento exclusivamente feminino, mas, penso que seja importante dá lugar também, às vozes das mães que sentem dúvidas, se angustiam e as vezes até se entristecem por estarem gerando um filho.
Precisamos falar abertamente sobre as consequências
sim, de gerar e ter filhos, essa escolha envolve como em todas as escolhas,
também perdas. É importante poder reconhecer, sentir e até se permitir ter
medo, afinal, embora, existam muitos manuais para pais e filhos, a experiência
é única e reveladora para cada um e muitas questões inconscientes virão a tona,
nenhum manual pode dar conta da subjetividade de um sujeito. Podemos dar muitos
conselhos, sugestões, mas, vivenciar uma experiência é algo que só sente na “carne
“mesmo.
Olivia e
seu marido Serge são atores, já contracenaram várias peças teatrais juntos. No
atual momento do filme estão encenando a peça “a Gaivota” de Anton Tchekov. A
companhia de teatro vai tão bem, que é convidada a encenar a peça no Canadá e
em New York. Nesse ínterim, Olivia descobre que está gravida e logo em seguida,
sofre uma ameaça de aborto, o que a obrigará a ficar em repouso total e por
vários meses.
Olivia que
trabalha incessantemente há 10 anos, se vê solitária, imobilizada e
profundamente frágil. É interessante como ela e Serge, encaram a gravidez, como
um “trabalho”. Nunca tinha pensado nisso, tive dois filhos, mas, realmente,
achei muito peculiar essa colocação, pois, a gravidez é um trabalho mesmo, e de
muita responsabilidade, sobretudo, porque estamos compartilhando nosso corpo,
nosso sangue e nutrientes para a formação de outro ser humano.
Várias
questões levantadas no filme por Olivia e Serge são muito pertinentes e atuais.
Com a entrada da mulher no mercado de trabalho, o seu salário é fundamental
para o orçamento do casal. A visão pragmática da sobrevivência, apesar de não
ser muito explorada é comentada por Serge no filme, que agora tem que trabalhar
pelos dois.
Olivia se
angustia também devido sua idade, alega que atrizes sempre são substituídas por
atrizes mais jovens. E muitos outros questionamentos existenciais tomam conta
da vida tediosa e solitária que Olivia é obrigada a ter, por conta da gravidez
de risco. Vemos uma mulher atuante e vibrante, se tornar uma mulher carente,
aborrecida e dependente do outro. Penso que, o filme transmitiu bem, o quanto
as mulheres, abdicam, doam e têm que escolher quando optam por ser mães. Olivia
com sua sinceridade e sensibilidade nos mostra que, ser mãe ao contrário de ”padecer
no paraíso”, é uma escolha, porque nos
convoca a rever o que somos e o que seremos a partir dela e como tudo na vida
tem os dois lados. Considero muito legítimas as fantasias de Olivia em relação
ao medo de não saber se vai conseguir ser mãe para o bebê que está a caminho.
Numa sociedade, na qual ainda se prega que há o instinto materno, um filme como Olmo e a Gaivota nos presenteia
com uma história, reflexões e personagens reais, ou seja que podem assumir tudo
o que sentem e não só o que é politicamente correto para a sociedade
patriarcal. Se houvesse mais espaço para
discutir as angústias, fantasias e medos, talvez mais mulheres pudessem
previnir uma depressão pós-parto. A maternidade é uma escolha e não um dom
divino ou uma obrigação social da mulher. Como o casal bem falou é um “trabalho”,
exige, dedicação, saúde e tempo para vivê-la dignamente. Enfim, sabemos que na
psicanálise o bebê nasce muito antes de vir ao mundo, devido as fantasias de
seus pais, os significantes que o nomeiam, seu lugar simbólico na família. Que
bom que as emoções, as perdas, as angústias e o medo, que a vinda do bebê de Olivia
e Serge, provocaram, puderam ser
falados, ouvidos, compartilhados e até elaborados pelo casal durante as
filmagens do filme. Desse modo, o risco disso tudo que que os angustiava poderia
ser recalcado e retornar mais tarde na vida deles, por meio de sintomas, tanto
em Olivia quanto no bebê. Esse processo de elaboração que presenciamos no
filme, já pode possibilitar ao bebê,
recursos, para que ele venha ser mais saudável psiquicamente.
segunda-feira, 17 de abril de 2017
A Teta Assustada
No 5o filme da série; Questões do feminino, apresento e comento sob viés psicanalítico o filme A Teta Assustada.
Este filme ganhador do Urso de Berlim em 2009, aborda o drama de uma mulher indígena que recebeu significantes ( traumáticos) que a marcarão para o resto de sua vida.
Fausta representa também um povo, explorado ,e esquecido da população sul americana.
Este filme ganhador do Urso de Berlim em 2009, aborda o drama de uma mulher indígena que recebeu significantes ( traumáticos) que a marcarão para o resto de sua vida.
Fausta representa também um povo, explorado ,e esquecido da população sul americana.
terça-feira, 4 de abril de 2017
Mahler no Divã (Mahler auf der Couch)
Recentemente tive o prazer de assistir ao filme Mahler no Divã (Mahler auf der Couch, 2010),
na Semana da Língua Alemã. Conheci o trabalho do diretor Percy Adlon em outro excelente filme “Bagdá Café”,
que me marcou profundamente pela sua simplicidade e beleza. Nesse filme, Percy
repetiu a dose de profundidade e beleza, tanto no que diz respeito a fotografia
(o filme tem planos gerais e close-ups bem bonitos), como na intensidade da
história que aborda.
Mahler no Divã, versa sobre a história do compositor austríaco Gustav Mahler, seu casamento
conturbado com sua esposa 20 anos mais jovem e o encontro com Freud.
O compositor vive
uma crise conjugal, regada a um adultério que o faz entrar em contato com Freud
para ser atendido. No entanto, Mahler não consegue deitar no divã inicialmente e a sessão acontece em um longo passeio pelos canais de Amsterdã.
A princípio, até
pensei que a diferença de idade de Mahler em relação a sua esposa, realmente
teria causado a crise, afinal Alma, sua esposa, era uma mulher linda, jovem e
carismática, exatamente o oposto de Gustav. No entanto, os opostos nesse caso
se atraíram e deram certo, pelo menos por um tempo, e o que desestabilizou o
casamento, não foram as diferenças, estas, só apareceram quando o relacionamento
já estava ruído.
Quando assisti esse
filme, algumas questões conflituosas, me remeteram a outra película: Criação (2009),
que mostra um período conturbado da vida de Charles Darwin. O que esses dois
filmes têm em comum? A tragédia e a dor na vida de dois gênios. Como cada
sujeito se posiciona diante de um real traumático e inassimilável a priori?
Embora geniais, nem suas paixões, no caso de Mahler, a música, e Darwin, de sua
teoria da evolução, dão conta de suas misérias pessoais.
Sabemos que
simbolizar o trauma é o único caminho para o luto, o retorno à pulsão de vida
e ao desejo, no entanto, entrar em contato com esse material doloroso e recalcado,
nunca é fácil. Nesse caso Freud auxilia Mahler a acessar seu inconsciente e
perceber onde começou exatamente sua crise conjugal e, o mais importante, qual
sua implicação nela. Sim, é isso que vivenciamos em análise, acessamos o que nos fere e nossos sintomas, mas também como estamos implicados nesse processo através de nossas escolhas,
que na maioria das vezes é inconsciente. Com um rigor freudiano, Mahler é levado
ao fundo do poço de sua dor e pode se redimir consigo mesmo e com sua esposa
Alma. É muito interessante em uma das cenas do filme, Freud pergunta para
Mahler, qual foi a reação de Alma, quando ela é confronta com a carta de seu
amante. Maher relembrando o momento, vê a esposa, mas não consegue ouvir o que
ela fala. Freud aponta isso como recalcamento. No entanto, no momento certo, Mahler lembra e tudo faz sentido para ele. Freud também ao final da consulta
expressa uma pérola, ele pontua que, o adultério pode ter sido uma forma de
Alma abrir os olhos de Mahler. É, as vezes, o recurso para sermos notados é por
meio de um terceiro, já que o casal anda cego há muito tempo, afinal, foi o adultério
que sacudiu a letargia de ambos, levando Mahler, inclusive a buscar ajuda com
Freud.
Como Darwin, Mahler
terá que fazer um luto profundo, para que possa retomar sua vida. A beleza
desses dois filmes, é poder constatar, que por mais doloroso e traumático que
seja o real, sempre há possibilidade de luto e recomeço para o sujeito.
Assinar:
Postagens (Atom)