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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Muito boa essa análise sobre a questão das biografias autorizadas.

O que está em jogo nessa disputa entre os que querem retratar a vida alheia e os que temem sua vida íntima invadida?

E sobrou, mais uma vez, para o Supremo Tribunal Federal. Popular entre os brasileiros por decidir questões politicamente candentes, o Supremo tem por esses dias uma tarefa à altura de sua jurisdição. Deve julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade que põe em foco não somente dois artigos do Código Civil (artigos 20 e 21) como também uma briga de longa data entre pessoas que se dedicam a retratar a vida de pessoas notáveis e as pessoas retratadas por suas biografias. Os dois artigos do Código Civil são uma verdadeira pedra no sapato dos escritores, historiadores e jornalistas biógrafos, pois os obrigam a procurar a autorização dos biografados ou de seus herdeiros. Quando essas pessoas não se acham tão bem retratados e não autorizam a biografia, anos de pesquisa vão por água abaixo. Uma biografia não autorizada, no Brasil, não pode ser publicada. Cansada dessa situação, a Associação Nacional de Editores de Livros foi procurar oSupremo para defender a liberdade de expressão dos autores biógrafos. No entanto, o que está em jogo nessa disputa entre os que querem retratar a vida alheia e os artistas, políticos e outras personalidades públicas que temem sua intimidade invadida? 

Todos nós gostamos de estar “bem na fita”. Boa aparência, felicidade na vida familiar, sucesso profissional são ingredientes de uma vida realizada. Tentamos mostrar aos outros esse nosso “lado A” impecável. Espaço não falta para isso. Para que, afinal, existem as redes sociais! Se é assim com nós reles mortais, que dirá com artistas, políticos e outros famosos que trabalham sob a mira dos holofotes da vida pública. Vivem não somente de suas produções, como também de sua imagem. Portanto, há de se concordar que uma biografia não autorizada pode ser um estorvo na vida dessas pessoas.

Ouvir estórias sobre a vida de pessoas alheias é o ofício dos psicanalistas. Cada um dos analisandos tem a própria biografia a contar, seu romance familiar, como diria Sigmund Freud. Sabemos que na livre associação estamos no campo da invenção. Verdade dos fatos, invenções, fantasias e delírios misturam-se nesses relatos produzidos no divã. São as palavras dos outros, recebidas como herança cultural, que nos moldam e que, ao mesmo tempo, nos possibilitam inventarmos nossa vida, disse Jacques Lacan. No fundo, somos produtos de nossas próprias verdades mentirosas. Não há história de vida, há estórias e mais estórias de vida. Para nós psicanalistas é óbvio que, ao contar nossas estórias de vida, ocultamos detalhes indizíveis dos olhos e ouvidos dos outros e de nós mesmos. Além disso, ninguém está livre de pedras no sapato. Carregamos as questões de amor e morte conosco, sem jamais resolver seus enigmas.

Quando um biógrafo se interessa pela vida de alguém que se destaca na vida pública, pode trazer à luz as pedras no sapato de quem retrata: um acidente, um amor fracassado, uma dívida com alguém. Expor em público o que as pessoas não revelam nem para si próprios pode causar um tremendo mal-estar.

No entanto, a psicanálise nos mostra também que há em cada um de nós um estranho íntimo, algo que nos assusta e que, ao mesmo tempo, nos faz únicos. E, mesmo se o mundo faz mau juízo de nós e de nossas criações, quem se autoriza a assumir esse estranho íntimo, essa singularidade, pouco vai se importar com o que dizem. Vai continuar amando e criando sua vida independentemente dos ecos da imprensa, da televisão, das biografias, autorizadas ou não. O estilo de vida e da obra de quem quer que seja sempre terá a resposta dos outros. Daí a necessidade de nos responsabilizarmos pelo que criamos, como diz Jorge Forbes. Se somos responsáveis pelas nossas vidas, biógrafos, jornalistas e historiadores não vão nos incomodar. Que escrevam e gozem da liberdade de retratar a vida das pessoas que se destacam da multidão pelas suas bem contadas estórias de vida.

Dorothee Rüdiger é psicanalista e doutora em Direito pela Universidade de São Paulo

sábado, 30 de novembro de 2013

Excelente esta análise sobre o suicídio das adolescentes, que tiveram suas imagens sensuais expostas na internet


A intimidade de alguém não tem nada a ver com a imagem que pode ser capturada por uma câmera fotográfica

Dia 21/11, a Carta Capital interpretou o suicídio de jovens. Afirmou: “Está virando rotina: mais uma adolescente se matou por não suportar a humilhação após o vazamento de foto íntima”. O assunto também chamou atenção da Revista Época. Seria factível ter tanta certeza dessa causalidade? Aos fatos.

Trata-se do caso de duas adolescentes, Giana,16 anos e Júlia, 17, que tiveram imagens sensuais (ou seminuas, ou fazendo sexo) expostas na internet por pessoas nas quais, aparentemente, confiavam. Em busca do culpado, a mídia afirma que elas se mataram por não suportarem os efeitos que a exposição lhes causou. Não entraremos nessa linha de argumentação, mas, conscientes de que o vazamento de informações nas redes sociais é inevitável, exploraremos uma pergunta: face a isso, o que ensinar às meninas de hoje?

Em primeiro lugar, que a intimidade de alguém não tem nada a ver com a imagem que pode ser capturada por uma câmera fotográfica. O ponto de vergonha não tem apreensão imagética. É o ponto de basta de cada ser. Em segundo lugar, que é mesmo importante ter algo em nome do que morrer. Entretanto, se matar por honra é diferente de passar ao ato.

Em 2012, no nº 9 de O Mundo. Visto pela psicanálise,comentamos o suicídio da enfermeira Jacintha Saldanha. Trata-se de um exemplo que ajuda essa diferenciação. Ela não se matou por ter sido exposta, mas, sim, por não suportar a vergonha de deixar vazar informações a respeito do bebê da princesa Kate Middleteton na Inglaterra. Ao dar-se conta do tamanho de seu erro, escolheu morrer sem que fosse possível buscar culpados entre terceiros. A questão era dela com ela mesma.

Pobres meninas! Acabaram vitimizadas pela vergonha superegoica. Vítimas do desregramento sem limites, elas foram tomadas pelo gozo de se expor cada vez mais no jogo da sedução ou da prova de confiança. Passaram a praticar osexting (ato de enviar imagens sensuais, em lugar de textos, através de celulares) sem medir a dimensão coletiva que esse ato pode atingir hoje em dia. Com relação à sexualidade, foram inconsequentes, talvez nem tanto pelo registro das imagens, mas, quem sabe, pela péssima escolha de parceiros.

Mais do que nunca, a educação do século XXI se vê convocada a encontrar modos de ensinar homens e mulheres a tomar posse, de modo responsável, do corpo próprio. Ao fazê-lo, poderiam se ver livres da necessidade de se fazer objeto de um olhar anônimo frente ao qual, mais tarde, se deixam cair. Uma mulher que tem um corpo não precisa fazer tudo como “manda o script”. O importante é que possa dar consequência às suas ações.

Maralice de Souza Neves é professora na Faculdade de Letras da UFMG e membro do corpo de formação do IPLA


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Caros alunos, vejam o trailler do filme que falei em sala. Lady Vingança - Trailer

http://www.youtube.com/v/cuckn9VYlok?autohide=1&version=3&attribution_tag=zITEHj1H7yY4numl8MwPSw&autoplay=1&showinfo=1&feature=share&autohide=1

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Ótima dica de cinema: Os Suspeitos - Trailer Oficial (legendado)

Assisti nesse fim de semana.
Esse suspense é muito bom!!! Tenso, ótimas atuações, prende a nossa atenção do princípio ao fim.
Gostei muito também das críticas voltadas para religião, e como tênue o limite entre o racional e o irracional quando alguém que amamos está sendo ameaçado.
Achei surreal ver um homem rezando, antes de torturar alguém, quero esclarecer, que ele não era sádico, mas mesmo assim, nada justifica aqueles atos.

http://www.youtube.com/v/1GwPisQUuL4?version=3&autohide=1&feature=share&autoplay=1&autohide=1&showinfo=1&attribution_tag=PnH9Ds9DtNo97c38T1S_bw

Queridos alunos, vale a pena conferir!


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Fetichismo (1927)


" Outra variante, que também constitui um paralelo ao fetichismo na psicologia social, poderia ser encontrada no costume chinês de mutilar o pé feminino e, depois disso, reverenciá-lo como um fetiche. Parece algo como se o homem chinês quisesse agradecer à mulher por se ter submetido a ser castrada." 

FREUD, Sigmund. Vol. XXI. Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1996.





terça-feira, 22 de outubro de 2013

Perversão

"Todo o problema das perversões consiste em conceber como a criança na sua relação com a mãe, relação constituída na análise não pela sua dependência vital, mas pela sua dependência de seu amor, isto é, pelo desejo de seu desejo, identifica-se ao objeto imaginário deste desejo enquanto que a mãe ela mesma o simboliza no falo".

(Lacan,Écrits,p.554)

 

Queridos alunos, até mais tarde!


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Informação sobre a aula do dia 15/10

Caros alunos, acabei de receber da Coordenação do Curso de Psicologia, que dia 15/10 haverá aula normalmente.
Portanto, nos vemos na próxima terça. Observem no novo crinograma, se está marcado a entrega de trabalho, pois, não serão recebidos depois da data estipulada e nem por e-mail.
A turma deverá se dividir em 4 grupos para esse estudo dirigido, obvervar o número de componentes de cada grupo que deverá ser no máximo de 7 componentes.
Os trabalhos devem ser digitados e conter no mínimo 4 laudas, sem contar com a capa,  com fonte Times New Roman, tamanho 12, espaço 1,5.
Capa: 
Curso
Título
Nome da disciplina
Nome da profesdora
Nomes dos componentes e matrículas.

Ps. O estudo dirigido que deve ser utilizado para o trabalho está no Dropbox com o título de Opção Lacaniana.
Bom fim de semana!

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Vale a pena conferir.


FILME “HANNAH ARENDT” SERÁ DEBATIDO NA SPBsb

O debate sobre o filme de Margarethe von Trotta terá como convidado o professor Luiz Tenório Oliveira Lima, médico psiquiatra e psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, e como coordenador o psicanalista Luciano Lírio (SPBsb).

O evento é promovido pela Diretoria Científica da SPBsb e pela Comissão de Comunidade e Cultura, que realiza o ciclo de debates “Cinema e Psicanálise”. O convidado para este debate é professor do Instituto Durval Marcondes da SBPSP, professor da Casa do Saber (São Paulo) e autor do livro “Freud”, coleção Publifolha, 2001.

 

Debate: filme “Hannah Arendt”

Dia: 20 de setembro (sexta-feira), às 21h

Local: Centro Clínico do Lago, bloco e-1, hall do 3º andar (QI 09 – Lago Sul)

Entrada franca

 



Queridos alunos, como é bom compartilhar conhecimentos com vocês.


quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Álgebra do Campo Lacaniano convida:


Convidamos a todos para o  encontro da Álgebra do Campo Lacaniano em 2013, o primeiro de cinco encontros que chamaremos de 'Hamlet em 5 atos', apresentado e coordenado por Lucia Sander, especialista em Literatura Dramática, especialmente no Teatro de William Shakespeare. 
            
5º encontro16/09/2013segunda-feira, às 20:30
- Tema: "Hamlet, 1º ato"  
- Coordenado por Lúcia Sander 

- A taxa de participação é de R$ 50,00.
- O local será o de sempre, no Centro Cultural Brasília CCB, na 601 Norte, logo após o Serpro, numa sala a determinar - informe-se na Secretaria do CCB.  
 
(*) Lúcia Sander comentará peça Hamlet, de Shakespeare, pela tradução de Millor Fernandes, composta cinco atos, da Coleção de Clássicos da Editora L&PM Pocket. 
- A proposta é de cinco encontros, um para cada ato, portanto recomenda-se uma leitura do 1º ato para o 1º encontro, e assim sucessivamente a cada encontro. 

- O 6º encontroHamlet, 2º ato, será dia 30/09/2013segunda-feira, às 20:30

- Apresentamos os cinco encontros de 'Hamlet em 5 atos', como forma de dinamizar a discussão em torno do Desejo, tema comum aos dois seminários deste ano e ao VIII Encontro Internacional dos Fóruns, Paris - 2014, antes de retomarmos "As Variantes do Desejo na Psicanálise: Hamlet na perspectiva Lacaniana", por Daniela Chatelard, juntamente com o texto lacaniano 'Hamlet por Lacan' (1959), Editora Escuta/Liubliú. 

Membros da Álgebra do Campo Lacaniano
- André M. Teixeira - (61) 8124 2262 - am.teixeira@yahoo.com.br
- Daniela Chatelard - (61) 8117  2282 - dchatelard@gmail.com
- Michele Candiani - (61) 8115 1999candianimi@gmail.com
- Telma Lúcia de Oliveira Zancanaro - (61) 9223 2273 - telmaloz@gmail.com
- Teresa Cristina Costa Ferreira - (61) 3242 4859 e 9994 5905teresacristinacferreira@yahoo.com.br

Freud além da alma.




terça-feira, 10 de setembro de 2013

Texto para estudo

Referências do filme que assistiremos hoje na aula : Shinne - Brilhante

" Este filme foi produzido na Austrália em 1996 e teve a direção de Scott Hicks. Concorreu a vários prêmios sendo que Geoffrey Rush, que faz o papel de David na vida adulta, ganhou o Oscar de melhor ator naquele ano. Trata-se de um filme inspirado na história real de um menino prodígio australiano, David Helfgott, que morava no interior desse país. Há uma referência também de que o diretor contou com a colaboração do próprio David e sua companheira Gillian."

Clarisse Lispector

“Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador”.


Vale a pena conferir!