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terça-feira, 21 de março de 2017
terça-feira, 14 de março de 2017
Souvenir, porque amar faz muito bem...
Souvenir é uma co-produção da Bélgica, Luxemburgo e França, de 2016. Estrelado por Isabelle Huppert e KevinAzaïs, e dirigido por Bavo Defume.
Imaginem
um filme filme simples, com um roteiro bem amarrado e ótimas atuações, essa é a
síntese de Souvenir.
Mais
uma vez, Isabelle nos presenteia com seu talento, representando Liliane uma
mulher madura, que trabalha em uma fábrica de tortas. Liliane vive uma vida
melancólica regada a uísque e a repetição dos seus dias.
Um
dia, começa a trabalhar na empresa um jovem de 22 anos chamado Jean. Liliane apesar
de se sentir atraída instantaneamente por Jean, sustenta sua postura séria e indiferente.
Eis
que, Liliane guarda um segredo. Ela tinha sido uma cantora famosa há 30 anos
atrás e quase ganhou um Concurso Europeu de Música, no entanto, logo após esse
evento, foi abandonada pelo marido Tony, que era também quem compunha suas
músicas, além de ser empresário, depois desse abandono, Liliane não consegue
sustentar sua carreira e desiste de ser cantora.
Para
surpresa de Liliane, Jean, que é filho de um grande fã seu, a reconhece. Seu
pai a idolatra, chegando a provocar ciúmes em sua mãe.
Claro
que Liliane tenta negar que era a cantora, mas, acaba tendo que admitir para
Jean que um dia foi Laura, a cantora que tanto se pai admira e nunca esqueceu.
Liliane
e Jean se apaixonam e esse amor vai fazer com que ambos revejam seus presentes
e seus futuros. É muito bonito ver o desabrochar de Liliane, a partir desse
amor que causará novamente seu desejo, desejo de viver, de amar e de cantar
para agradar seu novo amor. Sim, Liliane voltará a cantar a pedido de Jean que
será seu empresário. Por outro lado, Jean um rapaz controlado pela mãe, encontra
em Liliane uma outra “mãe” que pode permitir que ele seja um homem.
O
filme como eu disse, tem um roteiro simples, mas é muito interessante ver
Isabelle, que geralmente representa mulheres fortes, encenando uma mulher
frágil, passiva e dependente do amor do outro. A questão também do amor
feminino também é bem oportuna, afinal, Liliane apesar de ter talento, não tem
desejo suficiente para sustentar seu lugar como cantora, é uma mulher que
depende do investimento amoroso do outro, sem isso, definha. Liliane representa
muitas mulheres que não conseguem sustentar seu desejo sozinhas. Jean da mesma
forma, precisa que um objeto de amor, o tire da barra da saia da mãe e o faça amar outra mulher que não seja a mãe e desejar algo novo. Me chamou muita atenção, a admiração do pai de Jean por
Liliane que lhe foi transmitida. Os significantes foram transmitidos ao longo
de sua vida. Poderíamos até inferir que seu inconsciente o levou à fábrica de tortas,
onde encontraria a ídolo do pai. De qualquer forma, Jean atua o desejo do pai.
Ao
ver a paixão de Liliane por Jean, me lembrei de Freud quando fala que o estado
do apaixonado é semelhante ao estado do maníaco. Liliane é mulher contida, mas
esse amor a tira de sua melancolia e solidão, a fazendo sonhar novamente com
algo que possa a fazer se sentir viva.
Sem
dúvida, o amor não é a solução para todas as misérias dos sujeitos, mas, em
alguns casos, pode amenizar suas mazelas, causar o desejo de viver, de retomar projetos
e sonhos. Amar e se sentir amado pode ser uma experiência realmente curativa e
muito compensadora, além de, nunca ser tarde para isso, é o que vemos nesse
filme simples e belo.
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