Hoje, 15 de outubro de 2015 relembro um filme, que quando assisti há um tempo atrás me impactou profundamente.
"Preciosa- Uma História de Esperança", produzido em 2009, aborda o drama de uma adolescente de 16 anos, que é extremamente abusada pela família e em todos os sentidos. Nós espectadores, nos angustiamos com a saga dessa menina mulher que tenta com muito esforço se manter equilibrada diante de tantos atos perversos.
Preciosa, é uma adolescente obesa, analfabeta, humilhada e profundamente discriminada em sua comunidade. Aos de 16 anos tem uma filha pequena com síndrome de down, que está sob os cuidados da avó, quando a escola em que estuda descobre que ela está grávida do segundo filho a expulsa, alegando também péssimo rendimento escolar. Seu desamparo é comovente."Dói" vê-la, caminhando com sua filha no colo totalmente solitária. Diversas vezes durante o filme eu me perguntava como Preciosa teria esperança num mundo tão hostil e desigual em que vivia? Suas duas referências parentais eram totalmente desequilibradas, a comunidade em que vivia a descriminava, e a escola a expulsou.
Eis que, surge o convite para Preciosa estudar em uma escola alternativa. Essa escola acolhia filhos de imigrantes e outros alunos que "não se enquadravam aos padrões normais". Aos poucos, Preciosa tem a oportunidade de expôr seu drama às colegas e para professora. Não há julgamento ou descriminação, apenas acolhimento e compaixão. Entre aquelas alunas também marginalizadas, Preciosa pode ser aceita, só ali, onde existe uma identificação com a dor, com desamparo e as mazelas da vida, ela pode compartilhar seu drama profundo.
Através da sensibilidade da professora em acolher esses alunos excluídos da sociedade, e continuar investindo em amor, dedicação e esperança, Preciosa além de começar a ler, inicia o processo de simbolização dos seus traumas e encontra uma possível saída para sua vida triste e caótica.
Esse filme, nos convoca a repensar a educação como um todo e não não só como uma transmissão de conhecimentos. Um professor antes de mais nada é um educador, e como tal, deve saber "ler" o que é importante para cada aluno. A transmissão deve ser uma forma de viabilizar: liberdade de pensamentos, criação de sonhos e escritura de um novo destino.
Que nós professores, possamos ser cada vez mais socráticos, favorecendo aos nossos alunos a "darem a luz" aos seus conhecimentos. Assim, poderemos pensar em futuro e esperança para todos.
